Quando falamos em mobilidade, logo pensamos em como iremos nos locomover no futuro. Agora, vamos falar um pouco mais sobre como todas as coisas vão chegar aonde você precisa. Observe a sua volta: tudo que você consegue ver chegou até você por meio de um veículo. Seu computador, sua caneca, suas roupas, seu celular e qualquer outro item que você imagine. Algumas dessas coisas, porém, chegaram atrasadas. Pegaram o caminho errado ou até, infelizmente, foram roubadas no caminho.
Só podemos melhorar o que podemos medir. A mobilidade tem três dimensões principais que podem ser mensuradas: custo, velocidade e confiabilidade. Queremos pagar menos, receber logo e saber exatamente o que e quando iremos receber. Em outras palavras, queremos menos custo, mais velocidade e mais confiabilidade. Mas isso é possível?
Planejamos muito e nem sempre conseguimos garantir a execução. Começa a chover, o trânsito se agrava e atrasamos. É como ter uma estratégia de jogo brilhante com péssimos jogadores. Para melhorarmos a performance, precisamos prever o que está prestes a acontecer. Precisamos conectar as pessoas, o ambiente e os veículos e torná-los todos mais eficientes.
Vamos pensar em um exemplo… Por que o Uber não começou antes? As pessoas já tinham carro e já queriam ganhar mais dinheiro: o que faltava? Faltava uma forma de saber onde motoristas e passageiros estavam, o trajeto que percorriam (e quanto dinheiro isso valia) e informações sobre os dois lados que pudessem garantir a segurança dos envolvidos. Conectividade.
Mas só conectar não é suficiente. O passo seguinte seria utilizar todas as informações disponíveis para tomar as melhores decisões para todos os envolvidos. Não basta um lado chegar no horário… O caminho deve passar por 4 estágios:
- Conectar: coletar e transmitir dados em tempo real.
- Analisar: entender padrões e tomar decisões melhores.
- Predizer: antecipar problemas para tomarmos decisões melhores.
- Automatizar: entender padrões e tomar decisões mais simples automaticamente.
Um exemplo simples: e se pegássemos todos os faróis abertos? A utopia de um caminho sem trânsito. Neste caso, os estágios seriam:
- Conectar: entender onde todos os veículos estão e os gargalos no trânsito.
- Analisar: definir um novo modelo de tempos nos semáforos, provavelmente mais variável.
- Predizer: prever para onde os veículos estão indo e mudar a cor de acordo.
- Automatizar: automatizar mudanças baseadas no tempo real e otimizar o sistema.
Assim como toda transformação, a velocidade de transpor esses estágios será proporcional ao valor gerado no estágio atual, que garante a adoção dele, e a relação entre o valor do próximo estágio sobre o esforço necessário para se chegar lá. Avança-se rapidamente enquanto houver mais valor no estágio futuro do que no presente. Quem dá o primeiro passo assume a liderança, mostra o caminho e os ganhos – e é rapidamente seguido.
Por isso, vejo a conectividade começando por determinados segmentos que possuem operações mais complexas, onde a falta de dados causa prejuízos diretos para a empresa ou clientes, e onde o ganho é maior. Abaixo, exemplifico esse ponto partindo de três segmentos com esse perfil: o governo, focado na segurança dos cidadãos; as empresas de ambulâncias, focadas em ter mais eficiência; e a sociedade como um todo, na busca tão atual pelo aumento da segurança e redução da violência.
Como governo, tomamos decisões melhores de investimento na segurança no trânsito dos cidadãos se soubermos quais vias têm mais risco e como vias semelhantes reagiram a medidas diferentes em outras regiões. Atualmente, muito é feito com base nas estatísticas de acidentes, mas como o terceiro estágio (predizer) clama, podemos prever com base no risco que vimos em outros lugares. Aqui, um pouco mais de informações úteis para planejamento das cidades do futuro.
Como empresas, o objetivo não é se movimentar pelas ruas, e sim chegar aonde seus clientes precisam. Empresas de ambulância já reduziram em 40% seu tempo de resposta a chamados. E como? Apenas posicionando melhor seus veículos e alocando melhor os chamados para que possam chegar mais rápido. Rodar menos é bom para todos. Vidas são salvas e as equipes chegam mais cedo para suas famílias.
Como sociedade: roubo de carga. O roubo de carga abastece o crime organizado, alimenta o comércio ilegal e resulta em mais violência. Até agora, a maior parte das empresas tentou medidas imediatistas, impedindo o roubo no seu ato: escolta, blindagem, bloqueadores de ignição, entre outras. Muitos crimes foram evitados, mas a maioria continua acontecendo. E se pudéssemos utilizar dados para prever quando os crimes irão acontecer e simplesmente evitar o seu início? Isso já é possível, por exemplo, com inteligência artificial. Uma das maiores empresas de tabaco do mundo já consegue descobrir 87% dos roubos de carga antes mesmos de os veículos saírem da garagem!
Em suma, a revolução já começou. Quem começar antes ganha mais e por mais tempo; quem começar depois, menos. Não começar não será uma boa estratégia a longo prazo. Para chegar no horário, elimine o que está impedindo.
Rodrigo Mourad participará do painel “Internet das Coisas (IoT) na prática”, no dia 10/11, às 17h.
Confira abaixo a programação completa: